7.2.09

O Mito da Maçaneta

Sinto necessidade de escrever. Sobre maçanetas, moças que andam desinteressadas pelas ruas pensando em amores em vários tempos verbais, sobre um não-sei-quê que rodeia a mente há alguns idos. Se há textos que nos catucam a existência, que se faça algo para deixá-la sóbria dentro de nós antes que um elefante passe por cima e nunca se tenha a chance de saber como ela é, por dentro e por fora. Sempre podemos escrever também sobre sapatos convencionais, sobre musgos tibetanos, sobre biologia marinha; para dar significado à objetos. Inventa-se a invenção, inventa-se a existência, invetam-se os objetos e signos e aí está o mundo, todo sendo inventado. Especificamente, inventamos o lado de dentro e o lado de fora das coisas.
Falemos da maçaneta que está presa a porta. Precisa-se usá-la cada vez que aparece um portal cerrado. Para ser funcional, um lado está para fora, outro para dentro. Espiona os ares, a força da natureza, a moça que anda na rua, o automóvel com desainer moderno, um sem-fim de coisas dependendo de onde está. Espiona também um mundo quase sem sol, sem vento, aqui e ali, um olhar um pouco mais demorado nos sapatos convencionais de quem acaba de lhe apalpar para poder ter acesso ao lado de dentro. As donas maçanetas são fenomenais. Acabo de descobrir que caverna hoje em dia tem porta e a maçaneta está lá, para quem puder, quiser ou conseguir usar.

Um comentário:

Marilia Kubota disse...

Adriana,

você tem liberdade de escrever sobre tudo: maçanetas, maçãs e maçantes. Você não perdeu seu tesão pela liberdade e a liberdade é inspiradora.
Dê um toque quando vier a Curitiba. um beijo!