8.7.17

cambiante

vamos chamar o vento
hoje eu não me movo de mim

ter que chamar o vento
e declarar as águas vivas

e quando - ou se - rodarmos no mesmo eixo,
nos olhos fritos da fita
veremos :
fora e dentro como furta-cor
agora
partícula-poeira & caramujo - bicho fractal.

neste ponto, que me parte e rasga 
encontro a estreiteza-ilusão

dito isto, me curvo em reverência a tudo o que é Terra

29.5.17

[]

[cheiro]
o amor também é um retrato atemporal
do temperamento.

[som]
tem tempo que seguimos um congestionamento;
não de motores - de paixões

[o gosto]
temperança
que voa ligeiramente para a terra

[o olho]
ele está no banco de passageiro, 
o amor
a imagem não é pra qualquer um

[o corpo]
desata.


segredo de pedra

ontem é morro
ali é rio e pó
sal e água
segredo de pedra



,

o tempo é minha vó
sou eu e minha mãe
de maiôzinho na praia
pedindo pra areia durar

.

no meio da tarde escorrega o rio, 
sendo o mundo dos peixes

10.5.17

caleidoscópio

foi preciso semear no deserto e acreditar
ver o útero, meu e das outras
e ver os outros, que estiveram por dentro
e adoeceram o que é matriz

temos preparado terreno próprio,
acessamos nossas sabedorias - tecnologia antiga
vontade e potência, terra, amor e alegria



8.5.17

nôite

o brilho da noite não tem por dentro
se espalha

me conquisto pra me achar livre
faço fogo, chamo chuva na mata fechada

madrugada, meu lençol de penas douradas