25.8.08

Por falta de título, vai qualquer coisa

Continuou ali, naquela posição fetal, olhos esprimidos, uma jarra de sucodelágrimas. O rosto impuro em contato com o chão limpo e magro. As mãos sem tato beirando o canto do quarto incolor. Somente um rastro de vida batendo de dentro do corpo e do copo. Naquele momento não queira abrir o olho para sempre; o olhar seria preso naquela coisa semfuga. Ainda contrariada, antes de abri-los, tomou mais doistrês goles, pensou na lâmpada acesa por desligar. De muito em pouco o receio mais antigo foi dissolvendo-se com a projeção que fez das peças de mobília ao seu redor, com a fantasia de poder mirar os olhos pálidos da realidade deveras dúbia, com as vistas tontas de tão abstratas e com cinco sentidos tirados da mais remota ficção... O filme não tem nome nem sombra de dúvidas de que se passou.