13.4.10

mais linhas

a literatura que se enfia em linhas está nas prateleiras de bibliotecas e em caixas de papelão. é lá onde está todo açúcar e as formigas. e tem becos mal enluarados, sobra de sorte, fumo e licor barato. o velho biruta de óculos ousado e atitudes óbvias. um isto e um aquilo ali. tem bicicletas poéticas e uma lanterna cor de vinho. coisas ditas no mês de março entre canecas sujas de café. pães de diversos sabores e mães das mais modernas possíveis. botões para dedarmos. incompreendidos tons de rosa e arquétipos de chapéus. barbas escuras e mal feitas. mistura de cadeiras e núvem. nariz pretinho de gato. e corremos risco ao sair de casa. ótimo e inescapável.

9.4.10

Em partes

Da primeira parte...
Talvez eu precise começar a forçar meu vômito. Coisa que nunca fiz porque nunca quis fazer. rever a comida passada em troca de bem estar não me parece interessante. Devo exigir mais esforços de mim, como quem se violenta por algo maior, como quem não tem medo de ferir a própria carne ou a própria fé. Como quem perde a convicção de maneira fácil.

Da outra parte...
Fiquei com teu gosto impregnado em mim e por dias não consigo me desfazer dele. Fiquei com discos e filmes que antes eu não conhecia e agora são tão meus. Antes só te vi passar e suspirava, depois enfiei minha língua na tua boca e agora minha cabeça pensa em te encontrar numa esquina parado sorrindo para meus olhos. Ando sem pressa para viver, me esquivo das coisas enraizadas e conservadoras. e outra, para mim só se pode sentir por inteiro. Estamos há alguns segundos de sempre acontecer coisas. me movo.