28.5.14
terra solar vermelha
eu busco o mundo solareado porque ali eu caibo nele | piso no terreiro | sou eu e tambor | terrear é meu maior verbo | e pra tudo ficar mais nuance cocar é minha coroa | do mais simples, mais terno, mais essencial que se carece | quando o dia amanhece é ali que está a encantaria | abrir os olhos é uma ciência
16.5.14
alegria
esta tarde merece que um menino despenque suas nuvens,
que os pingos de sol e chuva contradigam o seu discurso,
que três arco íris urgentemente
se façam presentes.
comprovem assim sendo: a deprimência mora fora do dia,
na alegoria
a alegria é perenada.
14.5.14
noitinha
a noite enegrece o lado de cima do dia
e fica nesta parte o enguiço do ponteiro.
sim, pois então, deixa eu ir dizendo, a metrópole engole e nos vomita,
arrebenta o cultivo da lerdeza.
enfim, a noite é que é trapiche e cabe um mate.
ainda bem que tem guarani.
e fica nesta parte o enguiço do ponteiro.
sim, pois então, deixa eu ir dizendo, a metrópole engole e nos vomita,
arrebenta o cultivo da lerdeza.
enfim, a noite é que é trapiche e cabe um mate.
ainda bem que tem guarani.
13.5.14
criança antiga
hoje a tarde eu vi uma criança antiga,
dentro de sua época,
dentro do 13 de maio,
dentro do seu vestido azul.
aquela menininha ali: um cisco.
uma poeira cósmica também.
a criança antiga já foi ciranda. já esteve yorubá, guarany.
do alto do seu carrinho antigo ela já sabe que esta sociedade vai mal.
dentro de sua época,
dentro do 13 de maio,
dentro do seu vestido azul.
aquela menininha ali: um cisco.
uma poeira cósmica também.
a criança antiga já foi ciranda. já esteve yorubá, guarany.
do alto do seu carrinho antigo ela já sabe que esta sociedade vai mal.
7.5.14
4.5.14
minha jangada.
no meio de tanta água, um coração tostadinho.
o barco feito à mão desvenda o rio, sabe do cardume aceso.
o bom: que do picumã, cinza, orvalho, tempo, brotam sutilezas cardíacas.
a dureza é o agora, derramando nevoeiros.
o barco feito à mão desvenda o rio, sabe do cardume aceso.
o bom: que do picumã, cinza, orvalho, tempo, brotam sutilezas cardíacas.
a dureza é o agora, derramando nevoeiros.
2.5.14
maio.
o que há em nós que é, resiste.
residir é transitório. morada se faz no tempo.
a vida é tão relativa. tão súbita, sem sobrenome.
impermanência.
lá vem o mês de maio pisando minha horta com vento.
entre você e eu há tanto. há mais que o segredo mês passado. há séculos.
há coisa, há magma, mandala, açúcar,
e tem talvez uma pena,
uma caneta,
uma fotografia,
pode ter um riso profundo.
que esse mar transborde, se passe da minha janela
invada meus poros secos, traga cheiro e fagulhas.
meses de maio não são para ser no plural se a cada instante o novo alcança o verde.
e eu aqui, achando a cor amendoada triste.
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