15.4.09

Josué

Vinha pela ladeira. Vinha alado. Amava. Tudo era diverso, todos tinham um verbo na ponta da fala, no berço da língua senhora. Sorria. A cor azul, a lembrança, a andança. Amarelo-Peixe. Verde-Cana. Josué não me engana, ama. Pluritotalmente abraça e beija: o cego, a desvalida, o comandante, a muié, o roxo piá. O que mais vier, porque ele é vasto. Se mais fossem vastos, amavam sem menos. Assim é. Que conhecer é o custo, mas às vezes tem que se pôr gosto. Que só assim Josué descansa na ladeira. E tanto. E quanto.
No vira mundo do pensá Josué tornou criadô. Uma lei foi o que ele deu. E mandô pro povo. "Dizê o quê minha fulô, o povo num vê que todos que têm aí é pra viver tumém". E bem. Um véio, uma negra. Um gordo, um sem-pé... Tudo mesmo o que tinha botou lá na mão da lei para que tudinho amassem e tanto e quanto pudessem amados fossem.
Pronto. Tudo mundo agora é gente. Pode ser. Agora na terra de Josué, tudo era alado. Que voavam. Que sonhavam. Que livres e rosas todos eram. Preto bom, moça faceira. Menino e o namorado; um sorvete com tom. Essas coisas de gente. Livre gente. Uma lei precisô. Só ficava triste Josué assim. Pensando lei é forçosa por demais. Gostoso e bom fosse o costume da gente. Gente com gente fica tudo azul. Passarinho berra afinado.
Foi-se o ano feito pudim de pêsco. Acabou logo. Lei num guentô. Que o povo inda segurou as mudanças e as diversas cores. E as nuanças. Vinha pela ladeira. Ainda amava. Josué não me engana, trama. "Lei num adiantô, costume atrasô, vou ser quem sô". Ele foi quem sabia. Que assim mostrou a ladeira pequena: cabia mais gentes. Que tinha zóio virado pra ele. Atentando e desenhando e pensamentando: "quero ser Josué quando que eu engrandecê".

Um comentário:

Scheyla disse...

Ele é vasto feito o mundo. Devia de se chamar Raimundo.