25.8.16

amanhece

parei de morrer sem estar morta
e beijei as folhas do chão como quem deságua pecados
e enfiei a mão na terra
foi lá que deixei o sangue das nossas luas
e os cheiros pra nos lembrar
que nós nunca mais vamos morrer

zumbido

há zumbidos de cigarra no galho da minha cabeça
o som que se pode ver
são outros olhos
esquecidos abertos
no azul da cortina pintada na nuca