25.3.08

Alumiar

Velho. Vermelho. Solto. Depois das seis da tarde tudo fica mais bonito, até o sorriso banguelo do mendigo feio que passou por mim. Melhor achar bonito que achar feio. Dói menos. Passa a hora das seis. Lá vem descambando o sol, trêbado que só, nem sabe mais porque tem que se pôr todo dia. De tão velho caducou e alumia só por alumiar, só pra poder ver a criança louca aplaudindo-o, como quem pede bis. É vaidoso ele. Mas não, não sabe mais porque tem de se mostrar todo dia. Ele apenas desaparece e aparece no horizonte, de quem ainda tem horizonte.

19.3.08

Joelhos

Fui lá ver o que aconteceu e percebi que estava com dor no meio das pernas. Parei no meio do caminho. Olhei para eles (os joelhos) e resolvi poupá-los, jogando para a bunda a responsablidade de sustentar o fardo estrondoso que sou. Débeis e engrungunhados, eles suspiram para mim. Já não podem agüentar tantos pulos, tantos ralões. Parece maluco, mas olhando para eles pude pensar na vida. Uma hora ou outra ela também se cansará de mim e vai querer que eu jogue o meu peso todo para que a morte segure as pontas.

17.3.08

Com Arroz e Feijão

Como tudo, o dia inteiro, o que vier, sério mesmo...
Com arroz e feijão como pão amanehcido, como samba, como café frio, como um pedaço de estrela, como bolo embatumado, como Leminski ... E como como! Como, como quem come a vida ... ora uma delícia, ora uma nhaca! Não que eu coma nhaca, é claro! Até gringo come arroz e feijão, mas come com chapéu (igual aquele que o Falcão deu ontem no jogo, você viu?!)... Haha! Com arroz e feijão a gente engole cada sapo... Mas o que é que não fica bom com arroz e feijão?