29.2.08

Vida Velha

Então a velha puxou do cigarro como quem puxa um lenço para assoar o nariz. Fumou sem pretensão. Ou talvez tivesse uma, fitar com os olhos sem fôlego o gato que apodrecia na sua frente. Vi que não se mexiam, nem o gato podre, nem a velha. O cenário de fundo era um muro muito bem vestido, a gravata rebocada de cor verde, aliás a única coisa que parecia ter vida dentre os três elementos do cenário. A fumaça subia zombando da cara da velha...parecia dizer que a próxima criatura a se parecer com o gato seria ela, a carcomida velha. Num instante, sem contabilizar segundos, a velha gargalhou. Ela sabia das coisas da vida.

27.2.08

Coisas que dóem na vida...

Aquela louca paixão do dedinho do pé com o canto do sofá...
Aquela pança espremida no zíper daquele bendito 'dins' surrado...
Aquela esquecidinha lazarenta do dedo na porta de qualquer coisa que tenha porta...
Aquele dedo do pé (trabalha no Imetro a desgraça) que testa se a calçada realmente é áspera no dia em que se sai de Havaianas...
Aquele cotovelo que tem pacto com o capeta, de tão sortudo acerta uma vez por semana na quina... de qualquer coisa que tenha quina...
Aquele corte exposto, naquele famoso encontro com o álcool e a gaze...
Aquela triscada no dedo indicador naquele ralador de queijo dos INFERNOS!
Enfim... aquele galo na cabeça por conta de ter batido em qualquer Objeto Voador Não Identificado naquela cervejada!!!